{ BICHO WALDORF }

 
 

A curiosidade sobre a vida Waldorf não é de hoje, todo mundo que conhece um exemplar Waldorf adulto quer logo saber:
O que vocês "viram" depois? 
Eu poderia escrever "se tornam", mas é "viram" mesmo que eles falam!
Então aproveita que hoje eu acordei com vontade de satisfazer sua curiosidade de vez.
A primeira coisa que todo mundo pergunta é: Você trabalha "de verdade"? ganha dinheiro?
Sim, eu ganho dinheiro. 

Me manda um inbox que eu te mostro o holerite! 

E ainda te apresento advogado e arquiteto, tudo infusionado em chá de boldo.
Eu trabalho de verdade. E pasme, sei até usar talher!
Só porque minha tabuada era uma caixinha de grão de bico? 
Só porque a gente desabafava pra um galho que um amiguinho não quis dar a mão pra gente na roda de Euritmia?
Mas quem não tem um amigo-galho na vida? E aqui entre nós, Euritmia é quase um Grupo Corpo com uns panos coloridos em cima, vai...
É tão estranho assim fazer "margem" no bilhete de geladeira? Cantarolar a primavera no trânsito da Marginal na mudança da estação?
Vou confessar uma coisa, a gente também compra roupa de grandes marcas de origem duvidosa… a única diferença é que quando a gente escolhe uma malha de lã fica pensando porque que não fizeram o ponto meia em vez do ponto duplo…
Na alimentação então somos vanguarda desde sempre, quando nossa lancheira já fedia a chicória… Contam boatos que alguns de nós tornam-se adictos por aquele líquido preto gasoso na vida adulta, mas a amostragem é muito pequena, não caracteriza um padrão.
A gente acha que pinta, borda, canta, compõe e atua, e não é que às vezes a gente faz tudo isso aí mesmo?
A gente também acha que fala alemão e desacha na mesma hora, mas quando tem a chance, fala que é uma beleza.
Curtimos pedras e muitos de nós levamos jeito com criança, talvez por conta do tanto de vezes que pusemos aquelas bonecas de pano sem olho pra dormir…
Estamos aptos a dirigir, operar máquinas e fazer pão.
Podemos formar família e somos capazes de amar, ah, e como somos! 

Mas talvez nosso maior traço seja essa incorrigível mania de ver o mundo com outros olhos. 

E agora se vocês me dão licença, é pé na tábua e o Santo Graal no comando, que eu preciso trabalhar. 

E de verdade. 

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